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GRANDE ÉPICO ITALIANO
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Cabíria, filha de uma família romana patrícia, vive na Sicília com seu irmão Batto. Quando o vulcão Etna entra em erupção, a jovem consegue salvar-se fugindo para o mar com a pequena Croessa.
Cabíria e Croessa são capturadas e raptadas por piratas fenícios e vendidas como escravas ao sumo sacerdote Kharthalo no mercado de Cartago. Por defender a pequena Croessa, Cabíria é açoitada brutalmente e dada por morta. Cabíria então é preparada para ser sacrificada ao deus Moloch, quando é salva e resgatada por Fulvio Axilla, um nobre romano, e seu escravo, o gigante Maciste, que foram avisados por Croessa, que tinha sobrevivido à agressão que sofrera e procurava uma forma de salvar sua senhora.
Aníbal cruza os Alpes a mando do exército cartaginês e chega ao norte da Itália onde a história contaria, mais tarde, as derrotas arrasadoras que inflingiu às forças romanas em Trébia, Lago Trasimeno e Cannae.
Enquanto isto, nossos protagonistas; Fulvio, Maciste e Cabíria são traídos por cartagineses, sendo que Fulvio escapa, mas Maciste e Cabíria são capturados. Cabíria passa a servir a filha de Asdrúbal, Sofonisba, que é apaixonada pelo rei Núbia Massinissa, enquanto que Maciste é preso numa gigantesca pedra.
A frota romana é destruída em Siracusa mediante um estratagema de Arquímedes. E passam os anos e Massinissa é destronado por Silax, rei de Cirta; Massinissa então se alia a Roma. Em Cartago, Sofonisba é entregue em matrimônio, contra sua vontade, a Silax. Fulvio, que havia escapado a perseguição anteriormente, entra como espião em Cartago e consegue libertar Maciste. Massinissa, agora, a frente das tropas romanas, consegue entrar vitorioso em Cartago e Cabíria, então, é libertada do seu cativeiro.
Sofonisba é reclamada como escrava pelo general romano Escipión, mas Massinissa permite-lhe o suicídio ingerindo veneno. Por fim, Fulvio e Cabíria, apaixonados, celebram sua união; enquanto Roma vence definitivamente os cartagineses.
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Sofonisba
(Italia Almirante-Manzini)

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Bem, este é um “resumão” desta produção que é a mais célebre da fase muda do cinema italiano, e dizem, filme de cabeceira de Federico Fellini, assim como dizem também que é muito admirado por importantes cineastas de hoje, como Martin Scorsese, por exemplo. Cabiria foi restaurado pelo Museo Nazionale del Cinema, de Turim, em associação com a PresTech Film Laboratories Ltd., de Londres.
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Festa no Museu em Turim
quando da restauração do filme.
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O roteiro de Cabíria foi escrito a quatro mãos; o próprio Giovanni Pastrone e o grande Gabriele D’Annunzio. A belíssima fotografia ficou a cargo de um time de craques: Segundo De Chomon, Augusto Battagliotti, Natale Chiusano, Vincent C. Dénizot, Carlo Franzeri, Gatti e Giovanni Tomatis. Os músicos foram os consagrados Ildebrando Pizzetti e Manlio Mazza. Giovanni Pastrone, além de diretor e roteirista, foi também o produtor do filme.
Entre as inovações das câmeras (grande novidade para a época), o enredo, etc, destaco, assim como é a opinião de muitos críticos e de grandes cineastas, o impacto e a plasticidade da cena em que o exército de Aníbal atravessa os Alpes, que é algo de arrepiar; e que hoje em dia, seria necessário muita parafernália e efeitos especial para conseguir tal feito.
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Versão do filme pintado a mão!
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No começo da primeira década do século XX, a Itália domina a indústria cinematográfica mundial, apoiando-se no prestígio dos filmes de longa-metragem e que retratavam aventuras espetaculares. O êxito de Quo vadis? de 1913 do diretor Enrico Guazzoni, anima a produtora Itala Film de Giovanni Pastrone a embarcar ns superprodução de Cabíria. Giovanni não mediu esforços para levar a cabo a sua grande aventura no cinema e contratou, nada mais nada menos, do que o escritor mais célebre da Itália, Gabriele D’Annunzio, para escrever os inter-títulos do filme. Rodou as tomadas exteriores em Tunis, Sicília e nos Alpes. Nos estúdios fabricou imensos e decorados cenários com a participação de milhares de extras. Giovanni utilizou com maestria todos os meios que a linguagem do cinema da época possuía para contar sua história, e contou como operador e diretor de trucagem, com a participação de Segundo de Chomon, famoso cineasta espanhol, técnico inolvidável de trucagens. Chomon montou complicados travellings que colocavam em evidência a majestosa e grandiosa tomada de cena dos melhores e mais aventurescos momentos do filme. Além, da citada cavalgada do exército de Aníbal através dos Alpes, também a batalha de Siracusa, a imagem do templo de Moloch, com a colossal efígie de bronze onde Cabíria seria sacrificada.
Os críticos definem duas importantes contribuições ou paralelismo do filme de Pastrone: primeiro, as portas da Segunda Guerra Mundial, o filme faz uma reflexão do afã do expansionismo italiano no período do Imperialismo e Colonialismo. Remetendo a vitória de Roma sobre Cartago, se estabelecia um paralelo com a recente (na época!) conquista de posições do Império Otomano na Líbia e na Guerra Ítalo-Turca. Segundo, de que o filme Cabíria, influenciou decisivamente na concepção das obras de longa-metragem de David W. Grifith, por seu tema histórico, pondo em cenas a grandiloqüência e os grandes movimentos de massas. Dizem que o colossal filme italiano, Cabíria, que constituiu um êxito mundial, foi o responsável para Griffith empreender projetos como O Nascimento de uma Nação (1915) e Intolerância (1916).
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Maciste
(Bartolomeo Pagano)
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Por fim, pode-se destacar que o personagem do filme que mais caiu nas graças do público foi o interpretado por Bartolomeo Pagano, o forte e gigante Maciste. A partir deste filme a carreira de Pagano se desenvolveu de forma prodigiosa. Além de Cabíria, o ator e o personagem Maciste estreou outros importantes filmes, tais como: Maciste (1914), Maciste Alpino (1914), Maciste Atleta (1918), Maciste e o sobrinho da América (1923), Maciste Imperador (1924), Maciste no Inferno (1925), Maciste na jaula dos leões (1926) e O Gigante dos Dolomitas (1926).
Cabíria, sem dúvida, e com todo o direito, é um grande clássico da era do Cinema Mudo no cinema.
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